Semana passada um padre sobre efeito de álcool atropelou e matou uma pessoa. Eu estava na barca Rio-Niterói e ouvi um rapaz, estagiário de jornalismo de acordo com o que disse, comentar que gostaria de entrevistar o Papa Francisco sobre isso. Fiquei pensando o que eu responderia se fosse o papa:
- Papa Francisco, o senhor ouviu sobre o caso do padre bêbado que matou um homem por atropelamento?
- Eu vi os jornais.
- E o que o senhor acha?
- Sinceramente, meu filho, o que quer que eu responda? Quer que eu dê uma resposta vaga, como "Ele é um padre". Aí, você levaria uns dezessete dias pensando eu quiz dizer que como papa ele pode tudo, ou se eu quiz dizer qualquer coisa metafórica tão confusa quanto a definição do Tao. Você quer que eu diga que como padre ele deve ser perdoado? Ou quer que eu faça um discurso acalorado sobre o erro dele, condenando ao mármore do inferno? Ou que diga aos outros para não beberem mais, ou que reze para que a importação de bebidas caia, ou que reze para a faculdade de jornalismo tenha mais um ano em sua grade para gente como você ter mais chance de melhorar e não mais fazer essas perguntas idiotas? Uma coisa é certa: do meu vinho eu não largo.