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Esta página mostra meus trabalhos já publicados e alguns inéditos - contos, poesias, crônicas e imagens. Também estão aqui as versões originais das letras que fiz para a banda Dose Letal. Há trabalhos do século passado e atuais.
Olhando a sua direita, estão as obras dispostas por categoria e você pode acessá-las abaixo no "Arquivo do BLog".
Também posto aqui alguns trabalhos de divulgação de amigos ou pessoas relevantes - ver "Textos Indicados", à sua direita.
Depois está a lista de obras que participaram de concursos. Estas obras já foram citadas na lista "Obras por categoria". Apesar de algumas já merecerem reescrita, foram mantidos os originais.
No fim está uma lista de links de sites que considero que valem ser visitados.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Desvanecido / Pass away

DESVANECIDO

Tudo que vivi pode ser contado
em um conto de inverno.
Tudo que disse pode ser ouvido
como uma brisa fria que passa.

Em todos lugares que caminhei, um passo na areia;
Todos que amei, uma memória de calor.
Toda mão que apertei, toda casa que ergui,
Todo coração que parti, tod`alma que rasguei,
tornam esse momento mais perto.
Como uma canção de ninar em tumba de mármore
para um morto que ouve não mais.


PASS AWAY

Everything I’ve lived can be told
As a winter tale
Everything I’ve said can be heard
As a cold breeze

Everywhere I’ve walked
A step on the sand
Everyone I’ve loved
A warming stand

Every hand I’ve shaked, every house I’ve made
Every heart I’ve broke, brings this moment close
As a sleeping song in marble tomb
For a dead one that hears no more.

sábado, 2 de junho de 2007

Dançando no abatedouro - Concurso Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol.5

Foi dito que...

Faço amor com a morte
Dou adeus à sorte
E que a Deusa Morte
Me amarrou a si.
Amarrou de consorte
ama e errou na sorte;
Pois, como pode a Morte
não levar a dor
a quem lhe leva amor,
não elevar a cor
escura da noite,
que lhe escorre nas costas,
nessa hora morta,
rubrasangue do açoite
que é o fim ?

Pois se errou a Morte
cabe o erro a mim,
- que lhe desvirtuei,
que lhe dilacerei,
que de corpo a amei.
E que de graça
lhe trouxe a desgraça;
e o que nem Deus nem sonho
conseguir ousou
sem perceber imponho
sem querer tornou,
e trouxe à Morte um fim
- mas minha amada
me espere n`alvorada
que não irá sem mim.

As Horas

14:27
Ela começa a tirar a roupa bem devagar. Primeiro os sapatos, que joga para um canto do quarto. Ele desabotoa másculo a camisa a olha-la da porta. Ela levanta a transparente blusa lilás e tenta tirar a mini-saia, mas não há tempo – ele avança sobre ela, a agarra com força, beija sua boca e morde seu pescoço. Eles rolam na cama, peito com peito, a respiração de um termina onde começa a do outro. Ela não opõe resistência quando é virada de costas e ele sobe por ela com a experiência de um domador de cavalos selvagens. Ela não protesta quando tem os cabelos puxados para trás e uma mão aberta se espalma em seu quadril – o som que sai de sua garganta não é de protesto, é outro, um urro, e se há protesto ali é por não ter feito isso antes. Então eu abro a porta toda de uma vez e descarrego minha arma. O sangue escorre daquela massa muscular indistinguível de seres, fundindo-se e formando uma única poça no chão. A sublime comunhão dos amantes: Até que a morte.

13:56
Será que ele vai gostar dessa? Não, melhor usar aquela. Não, melhor a blusa transparente. Isso! Adoro lilás. E por baixo? Lilás também! Sim, e de renda, com detalhes, para eu tirar beeemmmmm devagar, bem lentamente, quero fazer amor como no filme da Lagoa Azul, ai..., bem romântico, bem rosa, bem bonito. Será que ele me ama mesmo? Será que ama mesmo “sua rosa”? Ai nossa, ele já vai chegar. Será que traz flores?

13:50
Droga de ônibus. Espero que a desculpa de “médico” cole no departamento pessoal. Reinaldo estará em reunião a tarde toda, não tem problema à vista. Afinal, sendo chefe, não pode se ausentar mesmo. É, mas só lá que ele é chefe, porque quem manda em outras praias sou eu!

13:20
Sr. Reinaldo, desculpe incomodá-lo. Fico feliz por sua reunião ter acabado mais cedo, mas devo lembrá-lo que hoje é o último dia para o envio do relatório. Aquele relatório de realização financeira que o senhor levou para terminar em casa, lembra ? Ah, esqueceu lá? Quer que eu mande um boy buscar? Ah, entendo! Realmente é um bom ensejo para aproveitar e dar um beijo na esposa. Quer que eu compre flores?

19:38
Então este é o ocorrido Sr Delegado. Como dito antes, as próprias marcas de violência corroboram a versão do meu cliente. Assim que chegou, ele ouviu barulhos vindo do quarto acima, pegou sua arma no gaveteiro da sala e subiu. Quando se deparou com o marginal (que, devido às circunstancias, não teve como identificar imediatamente como seu assistente) estuprando sua esposa ele atirou. Não, ele gostaria de retificar a questão dos tiros. “Acidentalmente”, que conste nos autos, no primeiro tiro, por infelicidade, a arma disparou e acertou sua esposa. Meu cliente é um empresário, não um franco-atirador! Afinal, ele também é um senhor de sessenta anos, suas mãos não são mais tão firmes. Ela? Tinha vinte e cinco anos, por quê? Sei, “só curiosidade”, entendo... Retornando, meu cliente vendo a situação como se apresentava foi tomado por violenta emoção e defendeu sua honra e de sua esposa. Como o assistente entrara ? Bem... hoje é, digo, era aniversário da esposa, digo, ex-esposa de meu cliente, então o meliante deve ter usado as flores como desculpa, deve ter dito que meu cliente as mandara entregar, e ela o deixara entrar. Isso, isso, o testemunho da vizinha confirma os gritos de... “dor” e... “desespero” da esposa de meu cliente assim como as “marcas” em seu corpo. Pobre mulher. Que Deus a tenha.

Encarcerado - Concurso Antologia Poética de Cidades Brasileiras (1990)

Há coisas que você não consegue fazer
Por estar preso em um embrulho lacrado,
Agarrado à ética, moral e pudor
e para outros sentimentos fechado.

Um invólucro que não lhe deixa entender
o belo que há a seu lado
um invólucro que lhe faz parecer
um ser vazio e gelado.

Vergonha, preconceitos e ética
não importa o nome dado
é um sentimento estúpido
do qual o homem é dotado

Sentimento que não lhe faz o futuro alcançar
pois lhe deixa com os olhos fechados
e pensamentos medíocres lhe dá
Nos quais estará o homem para sempre encarcerado.