Acende-se o fogo. Carne crua sobre a mesa de pedra, ainda sangrando, é cortada, mal fatiada, com uma faca cega. Ferro enferrujado se arrasta contra corta músculos, o sangue quente escorre corre pela mesa fria e goteja em bocas escancaradas de cães ávidos pelo sortimento. É a preparação.
Então, começam a chegar.
Gritos de saudação. Urros. Corpos suados se saúdam em abraços. Apertos, toques, lábios nas faces, lábios nos lábios, saliva e suor. Poucas vestes, seminus, calor excessivo. Líquidos coloridos, dourados e cor de sangue, surgem como que por mágica em mãos ansiosas frenéticas e escorrem por gargantas abertas e vorazes.
Fome.
Pedaços de carne são atirados na brasa. Nacos de carne dançam nas bocas. Dentes rasgam, mandíbulas se fecham e mordem. Mordem. Um ruído contínuo ao redor, conjunto ao ranger e mastigar, aumenta, ensurdece, hipnotiza. Corpos ondulam e tremem em um som incessante de batidas que rugem como tambores que clamam a tribo à guerra. Vagam como se, com a alma em branco, possuídos fossem pelo Algo-que-não-se-vê. Pessoas em volta do fogo, um deles se abaixa e o alimenta. Brasas no chão, fagulhas no ar, cheiro de cinzas e seres. E no calor todos os cheiros ficam mais fortes. A fumaça aumenta vira neblina e a todos cerca.
E chegam mais, e mais...
As horas caminham em tempos diferentes para todos e para cada um. Olhos brilham e reluzem as misturas que bebem, bocas moles falam demais, gritam, esbravejam – e mais líquidos sorvem. Eles se sentem mais fortes, bravos, elas se sentem lânguidas, algumas parecem confundir os parceiros. Alguns desmaiam, outros acordam seus olhos para as chamas; o fogo que queima por fora, o fogo que queima por dentro – quem dormiu não tem mais direito à carne ou a parceira que deixou solta. Fogo, fumaça e dança – Beltane recriado.
E chegam mais e mais.
O calor aumenta, a pressão aumenta. Hormônios sobem estratosféricos, tumulto, gritaria. Cães correm, homens correm e uivam. Loucura, anima animale – chão para uma Inquisição
que não vem, e todos, ignorantes do mundo, continuam felizes.
E chegam, mais, e mais...
Aos que chegam o ciclo se repete. Aos que chegam o ciclo se fecha. O Sol percorre o arco do céu e morre ao fundo - e todos felizes, ignorantes do mundo. A fumaça tampa o horizonte, tudo fica escuro.
Como um pergaminho, uma Tábua da Lei, cai no chão o aviso que a todos trouxe, a evocação desse ritual mágico, O Chamado:
“Churrasco em Bangu amanhã à tarde! 10, 00 Real a entrada, bebida liberada!”
O que você está vendo - MAPA DO BLOG
Esta página mostra meus trabalhos já publicados e alguns inéditos - contos, poesias, crônicas e imagens. Também estão aqui as versões originais das letras que fiz para a banda Dose Letal. Há trabalhos do século passado e atuais.
Olhando a sua direita, estão as obras dispostas por categoria e você pode acessá-las abaixo no "Arquivo do BLog".
Também posto aqui alguns trabalhos de divulgação de amigos ou pessoas relevantes - ver "Textos Indicados", à sua direita.
Depois está a lista de obras que participaram de concursos. Estas obras já foram citadas na lista "Obras por categoria". Apesar de algumas já merecerem reescrita, foram mantidos os originais.
No fim está uma lista de links de sites que considero que valem ser visitados.
Olhando a sua direita, estão as obras dispostas por categoria e você pode acessá-las abaixo no "Arquivo do BLog".
Também posto aqui alguns trabalhos de divulgação de amigos ou pessoas relevantes - ver "Textos Indicados", à sua direita.
Depois está a lista de obras que participaram de concursos. Estas obras já foram citadas na lista "Obras por categoria". Apesar de algumas já merecerem reescrita, foram mantidos os originais.
No fim está uma lista de links de sites que considero que valem ser visitados.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário